sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A Lenda das Amendoeiras ou Como Não Estragar O Que Estava Bem...

Há muito tempo, quando o Algarve pertencia aos mouros, havia ali um rei que desposou uma princesa do norte da Europa, chamada Gilda. Ela era linda e todos lhe chamavam a "Bela do Norte".

Apesar das festas que houve nessa ocasião, uma tristeza apoderou-se de Gilda. Nem todos os presentes do esposo conseguiam pôr-lhe um sorriso no rosto. Gilda sentia saudades da sua terra natal e pouco a pouco foi ficando doente. O rei conseguiu por fim um dia, que Gilda lhe dissesse, que toda a sua tristeza se devia às saudades que sentia de ver os campos cobertos de neve da sua terra.

No temor de perder a esposa amada o rei teve uma ideia. Deu ordem para que em todo o Algarve fossem plantadas amendoeiras, e no princípio da Primavera quando estas se cobriram de flores brancas, o bom rei disse à sua rainha:
- Gilda, vinde comigo à varanda da torre mais alta do castelo. Tenho uma surpresa para vós...

Logo que chegou ao alto da torre, a rainha bateu palmas e soltou gritos de alegria ao ver todas as terras cobertas por um manto branco que parecia neve. A rainha ficou tão contente que dentro em pouco ficou completamente curada. A tristeza que a matava lentamente desapareceu, e Gilda sentia-se alegre e satisfeita junto do rei que a adorava.

E, todos os anos, no início da Primavera, ela via do alto da torre, as amendoeiras cobertas de lindas flores brancas, que lhe lembravam os campos cobertos de neve, como na sua terra.

...

Pois é, miúdas... Estas são as histórias que nos contam em pequenas.... Um rei forte. Um rei amante. Um rei bom. Huuuum... Lembram-se de crescer a sonhar com ele?... Como queríamos que este corpo se despachasse... para sermos Rainhas?... Quantos anos levámos a pensar "nele"?...

E depois... Depois... Há quem tenha sorte - ou saiba jogar xadrez como me dizia alguém um destes dias... - e há quem não saiba, e acabe agarrada a um sapo que ainda não percebeu que pode ser mais do que é.

Mas que eles existem, existem. Porque eu já os vi. E são mesmo fortes. E amam-nos mesmo. E são mesmo bons... Tão bons!... E escolhem sempre uma Gilda...

Bem... talvez... se nós formos mais Gildas, eles consigam ser mais Reis... Ouvi a Rita Ferro dizer no outro dia que "eles" andam meio baralhados. Estavam habituados e gostavam da conquista; agora são conquistados. Esta troca de papéis não lhes dá espaço para nos plantar amendoeiras... E rouba-nos a nós o prazer de olhar a neve... enroscadas no seu abraço.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sapos Vs. Principes
"... Bem vistas as coisas, esperar pelo príncipe que há-de vir talvez não seja mais do que uma perda de tempo enorme e inútil. Talvez não venha nunca, não exista ou nem sequer por aqui passe. Talvez o príncipe que eu espere seja apenas mais um sapo-macho, eventualmente um desses que coaxa palavras doces e promessas falsas. Um dia destes, temo bem, não aguento mais e deixo-me ir. Esfregamo-nos, eu e ele, no lodo deste lago e, quem sabe? Acabamos por ser felizes para sempre..."(Adaptado de O profundo silêncio das manhãs de domingo, M. J. Marmelo)

Rui disse...

Este teu post é tramado. Porquê? Porque para o comentar precisaria escrever um testamento enorme! (Confesso que poder de síntese não é o meu forte.)
Ora comentários/testamentos não fazem assim muito sentido. Portanto, das duas, uma: ou um dia destes falamos sobre o post ou talvez acabe por escrever também um post sobre o assunto.

:)

Anónimo disse...

É! essa lenda fez me passar por peripecias do arco da velha!!!
Uma vez trouxe um grupo( turistas) ao castelo de Castro marim, e como ñ tinha e ñ me lembrava de nada de relevante sobre o castelo( ignorância!!), então disse lhes que a lenda se tinha passado nesse castelo.Ñ é que ñ tivesse estudado a lição...mas por falta de guia, tive de inventar.
Mas no fundo, no fundo, a ilação tirada, é que quando se quer, se deseja, se ama, há sempre forma de o conseguir agradar, acompanhar...e sentir!